sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Estudos em Efésios 12 - O bê-á-bá de Paulo

 O bê-á-bá de Paulo, aos crentes de Éfeso, é um compêndio do que seja igreja. Realmente, pelo que se pode constatar, a envergadura desta carta ajusta-se ao ministério exercido por Paulo, fosse no lugar, estratégico como polo metropolitano para toda a Ásia, assim como ao nível de uma escola, como aquela em que Paulo exerceu, por 2 anos, esse mesmo ministério.

   A carta aos Efésios foi mesmo escrita a uma igreja estratégica, de uma grande cidade, para um grande contexto. Alguns estudiosos afirmam que foi como carta circular, na qual Paulo pensa o que se ajusta aos efésios, bem como a toda a vizinhança.

   A caminho de definir o roteiro a percorrer a quem aspira ser cheio do Espírito, Paulo enumera o que conhece, tanto com relação ao trato gentílico, de modo geral, de uma vida fora da igreja, referente ao estilo de vida, usos e costumes, quanto sobre a experiência adquirida em seu tempo de estada em Éfeso.

    Então ele elenca o que bem conhece, a princípio, (1) não mentir uns aos outros, mas falar a verdade ao próximo; (2) irar-se, até admissível, mas nunca pecar com ira e por causa dela; (3) pois seria, por essas e outras coisas, dar lugar ao diabo. (4) não furtar, mas trabalhar com honestidade e, com isso, acudir ao necessitado; (5) não sair da boca nenhuma palavra torpe, genérico, incluídos os palavrões, mas também as hipocrisias, as execrações verbais e dissimulações de ocasião. 

   Aqui Paulo descreve, como contraponto, o que costumo referir que seja uma definição de profecia, que da boca somente saia: palavra (5.1) boa para edificação, (5.2) conforme a necessidades e que (5.3) transmita graça aos que ouvem. Até aqui Paulo está esmiuçando características desse homem novo, "criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade", Ef 4,24, em oposição ao antigo sem Cristo.

    Esse proceder refere-se à construção da personalidade, que tem origem na restauração de que é alvo aquele que crê. E Paulo prossegue, mencionando a parceria que agora o crente adquire com o Espírito Santo, após esse "lavar regenerador", que menciona na sua carta pastoral a Tito:

    ⁴ "Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, ⁵ não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, ⁶ que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador". Tito 3.

    Por isso Paulo interpõe no texto que nunca nenhum crente entristeça o Espírito. A sensibilidade da santidade que agora adquirimos em Cristo é regulada pelo agir do Espírito em nós. Paulo prossegue, agora definindo o que transtorna os relacionamentos dentro da igreja: (6) ³¹ "Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia". Ef 4.

   Para indicar o antídoto: ³² "Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou." Ef 4. Elevadíssimo grau este. Em Colossenses 3, Paulo vai acrescentar um nível acima: 
 
¹³ "... caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; ¹⁴ acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição." O amor no seu devido lugar.

   E vai então indicar o que podemos avaliar como sendo a síntese da carta aos Efésios: ¹ "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; ² e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave." Ef 5.

   Mais nos admiramos de que, diante de tão rica e detalhada, em suas orientações, exortações e ensino, esta carta não tenha surtido, em Éfeso, na sucessão das gerações, o efeito esperado.

   Duas cousas Paulo enseja ser possível: (1) ser imitador de Deus, como filho amado; (2) andar em amor exatamente como Cristo andou. Mais exato, claro e precípuo impossível. Como, então, torna-se possível e permissivo abandonar o amor?

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