quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Marcas de uma geração 1 - Josué forjado como servidor

 ⁶ "Havendo Josué despedido o povo, foram-se os filhos de Israel, cada um à sua herança, para possuírem a terra. ⁷ Serviu o povo ao Senhor todos os dias de Josué e todos os dias dos anciãos que ainda sobreviveram por muito tempo depois de Josué e que viram todas as grandes obras feitas pelo Senhor a Israel. ⁸ Faleceu Josué, filho de Num, servo do Senhor, com a idade de cento e dez anos; ⁹ sepultaram-no no limite da sua herança, em Timnate-Heres, na região montanhosa de Efraim, ao norte do monte Gaás. ¹⁰ Foi também congregada a seus pais toda aquela geração; e outra geração após eles se levantou, que não conhecia o Senhor, nem tampouco as obras que fizera a Israel. ¹¹ Então, fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor; pois serviram aos baalins. ¹² Deixaram o Senhor, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e os adoraram, e provocaram o Senhor à ira." Juízes 2.

   Que geração herdamos? Que geração somos? Que geração daremos como herança a nossos filhos? Qual será a nossa marca?  Eventualmente, haverá continuadores de bons frutos? Ou será sistemático o afastamento dos propósitos de Deus?

   Josué marcou sua geração. Não foi somente um líder político e militar. Foi um líder também espiritual. Teve uma marca de caráter indiscutível.

     Quando, no seu discurso final, coloca toda a sua família como exemplo, diante de um povo especialista em murmuração, não houve nenhuma crítica como retorno.

   ¹⁴ "Agora, pois, temei ao Senhor e servi-o com integridade e com fidelidade; deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito e servi ao Senhor. ¹⁵ Porém, se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor." Josué 24.

    Josué é servidor de Moisés. Antes mesmo que, em sua vocação, quando herdou a liderança do povo, preparado que foi durante os 40 anos de peregrinação, forjado na escola do deserto, já demonstrara coragem no episódio dos 12 espias.

⁶ "E Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, dentre os que espiaram a terra, rasgaram as suas vestes ⁷ e falaram a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra muitíssimo boa. ⁸ Se o Senhor se agradar de nós, então, nos fará entrar nessa terra e no-la dará, terra que mana leite e mel. ⁹ Tão somente não sejais rebeldes contra o Senhor e não temais o povo dessa terra, porquanto, como pão, os podemos devorar; retirou-se deles o seu amparo; o Senhor é conosco; não os temais." Nm 14.

    Essa marca seguiu com ele e com Calebe. Somente não foram mortos, linchados pela flagrante desobediência da congregação, porque a manifestação da glória de Deus interveio: ¹⁰ "Apesar disso, toda a congregação disse que os apedrejassem; porém a glória do Senhor apareceu na tenda da congregação a todos os filhos de Israel."  Nm 14. Daí, colou-se a Moisés.

   Na subida do Horebe, em Sinai, no preparo da solenidade da aliança, Josué tudo acompanhou. Ainda que não tão perto quanto Moisés, mas a cada passo assimilava, ao lado de Moisés, toda a experiência deste com o Altíssimo.

¹² "Então, disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim, ao monte, e fica lá; dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que escrevi, para os ensinares. ¹³ Levantou-se Moisés com Josué, seu servidor; e, subindo Moisés ao monte de Deus, ¹⁴ disse aos anciãos: Esperai-nos aqui até que voltemos a vós outros. Eis que Arão e Hur ficam convosco; quem tiver alguma questão se chegará a eles. ¹⁵ Tendo Moisés subido, uma nuvem cobriu o monte." Ex 24.

   Nessa altura, nesse capítulo do Êxodo, será narrada a aliança do Sinai, na qual Deus estabelece, com o povo de Israel, seu propósito a longo curso. Foi por isso que foram libertos do Egito e será para isso que serão vocacionados.

     O livro de Deuteronômio vai detalhar, nos discursos de despedida de Moisés, as condições, privilégios, responsabilidades e disciplina, caso haja desvio dessa aliança.

   ⁵ "Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; ⁶ vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel." Êxodo 19.

   E o começo do desatino do povo de Israel se dará, muito não será preciso, exatamente no contexto dessas idas e vindas, subidas e descidas ao Sinai, diante de Deus, quando ele, didaticamente, previne e exorta o povo a que se mantenha fiel.

   A demora de Moisés, segundo a mentalidade torta do povo e cumplicidade obtusa de Arão, levou ao maior desatino e desafio à misericórdia e paciência de Deus. Josué estava perto, próximo e junto a Moisés todo esse tempo.

    ¹⁷ "Quando Josué ouviu o barulho do povo gritando, disse a Moisés: "Há barulho de guerra no acampamento. ¹⁸ Respondeu-lhe Moisés: Não é alarido dos vencedores nem alarido dos vencidos, mas alarido dos que cantam é o que ouço." Êxodo 32.

   O desencadeamento dessa crise conduzirá Moisés a espatifar as tábuas da lei ao pé do monte e, diante do culto espúrio ao bezerro de oiro, convocar a tribo de Levi, ordenando que, em meio ao desatino e orgia praticados, sua tribo tomasse da espada e matasse, somente assim, até que o tino retornasse ao povo.

   Caíram três mil israelitas. Deus convocou Moisés, dizendo que não mais seguiria, com toda a intimidade, no meio do povo. Mas enviaria um SuperAnjo com eles. Daí, a clássica reposta de Moisés que, a um só tempo, habilita-o como amadurecido, no trato com Deus, como corresponde ao que Deus esperava, como reação, nesse momento de profunda provação.

¹⁵ "Então, lhe disse Moisés: Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar. ¹⁶ Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?" Êxodo 33.

   Se avaliamos em conjunto a afirmação de Deus, a respeito da vocação de Israel, com essa reação de Moisés, podemos deduzir, a respeito do propósito de Deus, sua vontade explícita para Israel, ao mesmo tempo que sua expectativa.

    Para Israel, Deus queria: (1) que ouvissem diligentemente Sua voz, guardando com Deus a aliança; (2) seriam de Deus propriedade peculiar entre todos os povos; (3) Deus teria para eles ser sacerdócio, a outros povos e nação santa.

   E, pela fala de Moisés, outro traço distintivo, fundamental para a identidade de Israel como nação, é dizer: (1) é vital que a presença do Senhor siga com o povo; (2) ela denuncia a graça de Deus presente; (3) o andar e presença de Deus indicam a identidade de Israel.

    Josué vivenciou, como discípulo e servidor de Moisés todos esses conflitos. Ainda que seu nome tenha sido pouco mencionado, sua reação é a exortação de Moisés, em Ex 32,17-18, demonstram a proximidade que mantinham entre si.

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