sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Pastor André Limão: nosso acampante

   Um desses cantores que temos, um deles certa vez escreveu, "a gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda-viva e carrega o destino pra lá".

   Há cerca de 40 anos. Eu um pouco à frente de meus 20 anos. A roda-viva que me carregava tinha a ver com a opção pelo Seminário. Então, chamavam-me, eu sem jeito de rejeitar, um "seminarista".

   Então meu contexto eram as coisas de igreja. Gingava a roda por esse contexto. Eu muito apreciava. Não que já desse ou compreendesse o grau completo de importância que representa.

   Para quem tenta ser sincero e coerente, nesse contexto de igreja, tudo é sempre maior e há uma bruta sede de levar bem a sério, ser criterioso, reconhecer que a principal escoha é Deus quem faz.

  E havia um contexto onde tudo isso era posto num entrechoque que se desejava ser como num viveiro, como numa sementeira, onde esse grau de importância e seriedade fosse compartilhado. Coisas de Deus, coisas da Bíblia.

   Lembro de obreiras da APEC. Para quem não sabe, Aliança para a Evangelização de Crianças. Darlene e Geórgia. A gente chegava antes à Pedra de Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro.

   Éramos a equipe do Acampamento Ebenézer. Acreditávamos muito naquilo. Elas também. Isabel Rocha de Carvalho, acho até que hoje tem uma troca de sobrenome, era a líder.

   As obreiras nos treinavam. Davam instruções detalhadas. Toda uma agenda de atividades, que incluía cada minuto, dias da semana, todos, turnos de atividades diárias, história bíblica das manhãs, culto com história missionária à noite, temática das devocionais dos momentos de oração, entre café da manhã e capela.

   Enfim, nem havia GPS, celular, nada digital, acho que nem analógico, porque esse termo, é lógico, não existia, tudo na ponta do lápis, cronológico. Um grupão de crianças. Eram elas, depois adolescentes e então os jovens. Comecei em 1969 ou 70, como acampante, década de 80, como equipante.

   Primeiro acampante, depois equipante, também, uma dessas crianças, depois adolescente, mais tarde jovem foi André Limão. Um entre os que acreditaram em tudo. Internalizou, tomou como seu, assumiu, decidiu por ser pastor.

   Quem não faz isso leviano, como ele não fez, quem toma a sério, entende a dimensão da coisa. Eu até acho que aquela turma daquela equipe daquele tempo acreditava naquilo tudo e queria que aqueles acampantes assim o fizessem.

   Era uma maneira de focar igreja. Um modo de pôr Bíblia em destaque. Era um empurrão. Pela lei de inércia, a gente queria que aquela criançada adquirisse autonomia, para seguir por si, como aquelas obreiras, por exemplo, decidiram ser, todo o tempo e por toda a vida.

   Éramos equipe. Uma espécie de cobaias. Assim também treinando. Tomando como nosso, esforçando-nos por nos fazer entender, criando situações, como num laboratório, para provocar testes e tato com as Escrituras.

  Lembrei do Dinho, em Mairiporã, em 1981, quem viveu, sabe, que dizia: "Num acampamento, tudo o que acontece faz parte". É uma roda-viva.

    Dela saem muitos, por ela passam ou passaram muitos, não é que queiram no destino mandar, mas na roda-viva da vida viver sua vocação assumida.

  E quando entendem, diante dela, diante de Deus, diante da Escrituras, esse peso, pode ser que até tentem fugir, como eu, que fui incompetente de conseguir, mas Deus persegue, como foi com Jonas, até pôr na rota que Ele quer.

   Aliás, Jonas foi uma dessas histórias, sim, a primeira delas, até, numa das manhãs de 19 de agosto. Profeta fujão, a quem Deus queria ensinar a lição à qual Ele mais se dedica, que é a do amor.

  André Felipe Limão, doce a sua memória, a sua dedicação, a sua coragem em assumir, incluída essa sua mais recente história de luta. Você é vencedor.

   Nosso acampante, um dia. Nosso orgulho, permita-nos dizer. Louvor todo a Deus. Que venha consolo, a sua família e igreja, junto com a gratidão ao Senhor, por sua vida e por todos os que, nesta fase mais recente, ajudaram todos vocês.


2 comentários: