sábado, 3 de abril de 2021

Sábado

      Os acontecimentos todos se precipitaram naquela última semana. A rotina de Jesus era a mesma de sempre, pernoitar no monte das Oliveiras e amanhecer, cedo, ensinando nas varandas externas do templo de Jerusalém.

    Havia provocação da parte dos saduceus, partido religioso mais ligado à administração central do templo, e dos fariseus, de influência espalhada pelas sinagogas, inimigos político-religiosos ferrenhos.

      Mas numa coisa concordavam: tinham que calar Jesus. Olha aí, o que aproveita? O povo todo atrás dele. Ora, importa que um morra, para evitar problema maior. Não tinham do que o acusar. Mas a intriga era constante.

     Haviam combinado com um deles, entre seus discípulos, exatamente o que cuidava da pouca renda que o grupo recebia, prometendo as 30 moedas prescritas na profecia de Zacarias.

     Jesus já os havia prevenido, de que satanás tentaria sua colheita entre eles. O orgulho de alguns, a fé vacilante de outros, a cobiça pelo dinheiro ou a covardia e o medo eram recursos que o inimigo poderia usar.

     Sábado. Estava tudo terminado. Dera tudo certo, como friamente planejado, para as autoridades judaicas. Um "juízo opressor", como havia profetizado Isaías. Judeus e romanos se aliaram, de um modo que uns jogavam nos outros a culpa que nenhum dos dois admitia.

     Mas se havia culpa, era de todos. A verdadeira culpa, por causa da qual Jesus se entregou e as Escrituras afirmam que Deus, pelo seu "determinado desígnio e presciência" permitiu, é a culpa coletiva de todos nós. Todos os seres humanos de todas as épocas.

     Romanos e judeus estavam dispostos a esquecer todo o ocorrido. Estes, envolvidos no cerimonial do sábado, que era mais um dos pontos de conflito com o  crucificado. O problema estava resolvido.

    Aqueles, também se tranqulizavam, por mais uma querela resolvida com os incômodos judeus. Ora, o que era mais um crucificado, por nada, por uma confusão entre eles mesmos, uma implicância com as manias de um louco?

     Mas como foi aquele sábado para os seguidores de Jesus? Que tipo de consolo alentaram? Era necessário ter prestado muita atenção ao que o Mestre havia dito. Porque em suas palavras havia prometido que somente um sábado duraria seu tempo naquele túmulo.

      Sábado simboliza descanso. A polêmica de Jesus com os judeus era para dizer que o Pai, Deus trabalhava todo o tempo por salvar cada um. Descansou apenas um sábado, porque o trabalho estava feito.

     Como na criação, de tudo o que Deus fez, descansou apenas num sábado. Este dia existe para lembrar que há um descanso que livra do peso de toda a culpa. Deus deparou em Jesus o descanso. Entra-se nele pela fé.
  
     Lembrando do hino que diz: "É Teu, somente Teu, todo o trabalho. E o meu trabalho é descascar em Ti". Deus deparou o descanso ao qual cada um, individualmente, tem acesso, pela fé, preço pago por meio de todo o trabalho realizado em e por meio de Jesus. 
     

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